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20 de dezembro de 2013

livra-te de teus demônios, sejam eles quais for

Mais uma vez você a machucou
e, como num acordo imprevisto, o dia acordou monocromático.
Ela ainda tenta, corre pra você, chora, desmorona.
Você permanece impossível.
E o céu cada vez mais cinza...
até o momento em que ela grita.
Livra-se dos demônios em sua cabeça, separa-se da sua fúria, extermina sua dependência.
Agora ela é sol: forte e com luz própria.
A garganta arde, mas o grito é aconchegante, libertador.
Ela grita mais.
Você corre... pra longe.
O grito ecoa mais forte e as lágrimas brotam com o esforço.
Você fugiu.
O sol voltou.
Os demônios enclausurados.
Ela?
Liberta.

18 de dezembro de 2013

dias nublados, com uma nuvem própria

Hoje poderia ser um dia bom.
Hoje eu teria o sol brilhando, numa versão mais fantasiosa e utópica da realidade.
Mas o dia começa errado.
Não tinha sol.
As nuvens tomaram conta...
ao mesmo tempo em que voltavam à minha cabeça e me deixava atordoado.
Hoje eu sei como vou me sentir.
Sei que vou passar por um mix de tudo que passei no último mês.
E parece que até mesmo meu celular conspira contra mim, 
me jogando para baixo com a melhor sequência de fossa automática.
Daí, assim, em meio à músicas de palavras doces, suspiros leves e pensamentos pesados, me vejo pensando em você.
Justo hoje, quando eu esperava um raio de sol pequeno que fosse para me aquecer.
E enquanto eu passo por tudo isso, mais uma vez, você está sabe lá onde,
pensando talvez em mim
e conseguindo viver tranquilamente nesse dia nublado.
Mas eu continuo, imerso nas minhas músicas, lembrando do sorriso forçado depois de você desabafar.
"Por que não podemos ficar com duas pessoas ao mesmo tempo?"
E eu sorri.
Pra esconder tudo mais que eu senti com isso.
Um sorriso.
Agora o sol já aparece,
mas há uma sombra minha cabeça.
E então percebo que ganhei uma nuvem própria.
Uma nuvem que me confunde e me entorpece.
Você.

13 de novembro de 2013

um café com gosto de saudades

Hoje eu acordei saudoso..
ou melhor, nostálgico.
Ou talvez ambos.
Num mix meio louco de emoções, quem sabe.
Tirei a poeira de livros antigos,
folheando algumas páginas e parando em um qualquer,
meio que para me lembrar da história e sorrir ou sentir o coração apertar um pouco.
Mexi nos discos antigos,
fui me transportando para terras de músicas lentas e meio melosas.
Deus, como eu era chato.
Tentei ouvir discos novos.
Qual não foi minha surpresa ao descobrir que eles continuam iguais.
Alguns são até o mesmo disco.
Outros são de estilos parecidos...
Deus, como eu sou chato.
Hoje eu tirei alguns tantos textos secretos do armário.
Li, reli, rasguei, pus fogo.
Em um, dois ou todos.
Enquanto lia, me afligi novamente com as situações em que eles foram escritos.
Mais ainda, me afligi pelas pessoas para qual eles foram escritos.
Todos tão passado, tão não eu, não meu.

Hoje eu tirei os cadernos guardados e reli cada baboseira escrita nas margens.
Senti falta de roupas que já não me servem mais e que há muito já não são minhas.
Quis de volta pessoas que se foram há três anos.
Ou mesmo as que me deixaram apenas metaforicamente.
Cheirei algumas cartas e percorri o dedo pelas tantas caligrafias que me presentearam ao longo da vida.
Hoje eu olhei fotos.
Nossa, isso foi nesse ano?
Ual.

Hoje eu quis de novo.
Tudo o que eu já tive.
E mais ainda, o que não tive também.
Liguei para uma pessoa.
Me esqueci que esse número não existe mais, não há ligação alguma.
Nenhuma voz me disse oi.
Nenhuma voz me perguntou se tá tudo bem.
Nenhuma voz sorriu e disse que eu estava sendo bobo.
Nenhuma voz pra dizer que sente saudades.
Mas é, eu sinto saudades.

Do que eu era,
do que eu sou
e até do que eu pretendo ser.
Eu já não sou mais eu...
é uma sensação tão estranha se sentir tão fora do mundo.
Hoje eu fiquei jogado no meu canto.
Visitando velhos fantasmas, velhas lembranças, velhas pessoas.
Não quis papo.
Queria um abraço e um café, talvez.
Me queimei com o café por pura desatenção.
Quatro ou cinco vezes.

E eu sei que eu não deveria estar assim,
mas o engraçado é que eu não faço ideia de como cheguei aqui.
Sabe o que eu preciso mesmo?




Café. E música.

1 de novembro de 2013

lidando com a realidade de um sonho qualquer

São quatro da manhã.
Estamos deitados no escuro de um quarto qualquer e eu já não sei mais o que é qualquer coisa ao meu redor.
O cheiro do seu corpo impregna minhas roupas, minha mente, meu olfato.
Sua presença é sempre tão constante, mesmo você estando tão longe de mim frequentemente.
Agora teu corpo está imprensado no meu e tudo o que eu queria era que esse momento permanecesse eterno.
Não, eterno não, mas que durasse mais.
Sua mão tocando meu rosto, arranhando minhas costas, embrenhando-se pelos meus cabelos.
Hoje estamos deitados num canto tão diferente do nosso que faz com que tudo seja novo e estranho, mesmo que sejamos velhos conhecidos.
A intimidade, a brincadeira, o riso tão frouxo e ao mesmo tempo tão forte.
Tudo me convém, me agrada, me aquece.
São quatro da manhã.
E você dorme.
Como você consegue dormir?
Tudo o que eu consigo é te observar dormir. Suave, doce.
Te observo para ter a certeza de que você ainda está ali, de que não vai sumir como um sonho.
Te agarro e sinto o prazer de ter você em meus braços.
Seu cabelo tocando suave a minha pele, o peso da sua cabeça sobre o meu braço, o calor do contato.
Como você consegue dormir?
Me ensina.
Me ensina a conseguir fechar os olhos e me tornar tão sereno quanto você.
Me ensina a não te desejar a ponto de conseguir relaxar toda a tensão quando estamos juntos.
São quatro da manhã.
Preciso ir.
Sim, hoje sou eu quem te abandono.
Num quarto qualquer e eu já não sei mais de qualquer coisa.
Preciso andar.
Não vou dormir.
Preciso lidar com a confusão na minha cabeça.
Preciso entender como você consegue dormir.
Preciso... de você.
E então eu volto.
Pro meu quarto, pra minha vida.
E tudo não passou de um sonho.
Mas eu ainda sinto o seu perfume no meu travesseiro.

Então preciso lidar com a ideia de que talvez não tenha sido sonho.

23 de outubro de 2013

meu maior inimigo

Parece coisa de filme, mas é bem assim a minha vida: um clichê atrás do outro.
Seria um daqueles romances bestas onde um garoto ama uma garota e coisas assim.
Mas eu estaria longe de ser personagem principal.
Nunca tive vocação pra isso.
Aliás, eu nunca gostei dos mocinhos.
Sempre tive uma queda por vilões e personagens secundários.
Eu seria um dos dois.
Daqueles bem marcantes.
Seja um vilão que gera raiva de milhares
ou o melhor amigo da mocinha que é, na verdade, apaixonado por ela secretamente.
Tão típico de mim.
Estar tão feliz com o que tenho, mas acabar me fazendo sofrer.
De uma hora pra outra.
É, com certeza, um personagem secundário.
Aquele com problemas internos e conflitos que não consegue resolver
e que acha que ninguém jamais vai conseguir ajudá-lo.
Aquele que está rindo numa hora e chorando em outra.
Que, em um surto qualquer, acaba cometendo alguma burrada...
Com toda certeza, esse sou eu.
Tão atrapalhado na minha própria vida que passa a ser dificil falar dela.
Tão acostumado a confortar que já esqueceu como é ser confortado.
Tão habituado à tristeza que se deixa levar de volta pra ela por um mínimo motivo.
Esse sou eu.
Um mocinho não tão importante
e um vilão não tão competente.
Um mocinho clichê e piegas com um inimigo tão idiota quanto.
Afinal, quem seria meu maior inimigo senão eu mesmo?

19 de outubro de 2013

hoje é dia da carne

Ouço barulhos de zíper e velcro.
Nossas roupas estão no chão.
O que estamos fazendo?
Por que estamos fazendo?

Nossos corpos se aproximam, nossos lábios se tocam.
Quentes, como se pertencessem um ao outro.
Um encaixe perfeito ao mesmo tempo tão errado.
Sinto o gosto dos tantos outros que passaram.
Tenha sido um ano, um mês ou vinte minutos, consigo sentir cada um dos amargurados que cederam aos teus encantos.
Deslizo a mão por seu corpo e tudo o que consigo vislumbrar é o toque já repetido e recebido de diversas formas. O meu não faz diferença.

Mas o corpo deseja.
O meu.
O seu.
Deseja unir-se, serem mais do que meros desconhecidos.

E então, selvagem e arrebatadoramente, você se aproxima.
E tudo parece acontecer tão normalmente que não há consciência ou mente que segure o corpo.
Hoje quem toma posse é ele.
Ele quer ser tocado enquanto toca.
Ele quer sentir, enquanto sente.
Ele quer beijar e ser beijado.
Ele quer.

Talvez tenhamos cometido o maior erro das nossas vidas.
Não deveríamos deixar o corpo ser tão dominador.
Eu não posso deixar isso acontecer.
Porque, depois que a consciência volta, sou eu quem carrega a culpa.
Você caminha para mais tantos amargurados de beijos ácidos e doces e salgados e vazios.
Talvez tenhamos entrado num terreno perigoso.
Mas, por enquanto, com o corpo no comando me fazendo desejar teu corpo, tua mente e a tua presença, tudo o que consigo imaginar é quão bom esse perigo seja.
E amanhã, quando nos separarmos, tudo isso desaparece.
A mente volta a reinar, a consciência pesa, o álcool fala mais alto e a pergunta de sempre voltará.
O que estamos fazendo?
Por que estamos fazendo?
Mas, quando nos encontrarmos de novo, os corpos falarão mais alto e o desejo aumentará à cada olhar, toque, sentido e prazer.
E de repente, nada vai parecer errado.
Tudo será possível.
Tudo será do corpo... mais ainda, será da carne.
Quente, úmido, sujo e perigoso.

Como sempre.

15 de outubro de 2013

mais um ano

Mais um ano se passou e dessa vez eu nem percebi. Talvez seja por eu já ter me acostumado à ideia de não ter mais você comigo, de não poder te abraçar ou te ligar tarde da noite pra contar aquele pesadelo tosco de sempre. Ou então talvez você já seja tão parte de mim que eu não consiga perceber que já faz tanto tempo. Mas hoje eu lembrei, resolvi olhar o calendário e percebi que deixei passar. Hoje eu ouvi a sua música e todos os pensamentos me levaram até você, me fizeram sentir você, me fizeram querer que tudo isso fosse apenas um sonho, que você estivesse comigo. Hoje eu desenterrei suas cartas, deixei se perfume tomar conta do meu quarto, do meu corpo, da minha mente. Me permiti ser seu outra vez. Só seu e de mais ninguém, como fomos por um longo tempo. 

Mas, se você quer saber, hoje eu não chorei. Não relutei, não me fechei ou sequer me senti mal por não ter percebido. Hoje eu apenas revivi memórias boas, senti falta de viver aquilo tudo de novo, quis ter mais lembranças suas (físicas e mentais) e desejei um dia a mais. Um dia pra te abraçar, te beijar, te aninhar junto ao meu corpo, te ver dormir quem sabe, com a cabeça no meu colo enquanto eu mexo no seu cabelo e cantamos uma música qualquer. Foi tão bom. Tão bom que eu cheguei a enxergar isso acontecendo.


E de repente me senti louco. E as janelas tremeram quando a música acabou. Era você. Sempre é você. Abri e deixei o vento entrar. Ele levou embora o seu perfume; bagunçou as suas cartas e fez cócegas em mim. Sem dúvida, era você. 


Guardei tudo. Recolhi as memórias, o seu cheiro, os seus beijos, o seu toque. Tudo foi guardado. Na mente, no peito ou na gaveta. E então eu fiquei quieto, esperando. Mas o que? Talvez uma confirmação de uma desculpa. Mesmo não estando errado, ainda achava que tinha errado. Encolhi. Você sabe que eu sempre fui um tanto medroso para o mundo... e eu não queria saber do mundo. Não hoje.


Então eu dormi. Me permiti ficar jogado, vendo filmes ou escrevendo esses tantos parágrafos que por vezes foram rabiscados. me permiti tentar encontrar as palavras certas para representar todos os anos. Os que estivemos juntos e os que tivemos separados. Até agora, não sei se achei nenhuma que sirva, por isso eu paro por aqui. Na esperança de que talvez tenha sido você... que tenha me reconhecido e vindo me abraçar, me fazer cócegas e bagunçar meu quarto. E se não foi, bom, prefiro não pensar nessa possibilidade...

6 de outubro de 2013

promessas pra quem?

Hoje eu me convenci de que não escreveria.
Apesar de ter pensado e refletido diversas coisas, convenci-me de que nada merecia o conforto do papel.
E como eu nunca fui um cara que cumpre promessas feitas a si mesmo, cá estou.
Deslizo o lápis pelo papel ao som de uma música qualquer, com um piano forte e vozes grossas.
Tudo muito alto, robusto e grosso.
A letra, a voz, o papel, a música.
E ainda assim, não sei sobre o que escrever.
Talvez seja apenas a necessidade de expressar... o que sinto, o que penso, o que quero.
Mas tudo isso é muito tenso e acho melhor não falar sobre.
Como poderia falar sobre o que sinto sem expor pessoas?
Seria certo dizer que passei o dia pensando em você, enquanto provavelmente você pensa em outro?
Acho que não, então por isso me recuso a afirmar que pensei em você.
Não, eu não pensei.
No máximo eu lembrei com certo afeto.
Seria certo dizer que pensei no futuro e no passado sem olhar pro presente? Sem me preocupar com as pessoas que me querem (bem ou mal) atualmente...
Acho que não, então por isso afirmo apenas que pensei.
Nossa, e como pensei.
A música ficou mais alta; minha dor de cabeça estourou.
Um dia de tanta reflexão que me causa ânsias.
Ânsia pelo que eu fui, sou e serei.
Ânsia pelo que fiz, faço e farei.
Ânsia por estar descumprindo uma promessa feita no começo do dia.
Rabisco no alto da folha: EU NÃO ESCREVEREI
e, fazendo isso, desatino a escrever.
Esse texto. Outro texto. Outro eu. Um você.
Seria certo dizer que eu quero? 
Seria ousado dizer que não preciso do profundo, que me contento com o superficial?
Acho que não, ninguém aceita isso.
A música muda.
Uma gaita e um violão entram em cena, a voz é mais calma.
Decido ler. 
Quero ler.
Preciso ler.
Não consigo ler.
Não sei ler.
Desaprendi.
Perdi a vontade.
Vou escrever; mas eu lembro que prometi não escrever, então escrevo mais um pouco.
O quarto está escuro, tomado pela lua que não brilha.
Desejo outra vez.
Você. Nós. Eu. 
Nada. Tudo. Não sei.
Tá escuro, tá confuso.
Aliás a minha mente é meio assim.
Escura, confusa.
Esfrego os olhos.
Decido dormir.
Não consigo dormir.
Não consigo deixar de pensar.
Hoje a noite será em claro.
Decido escrever mais... foda-se a promessa.
O papel já tá todo rabiscado.
Erros completam uma folha que poderia ser a minha vida.
Torta, apagada e com algumas linhas faltando.
Não quero mais.
Quero ouvir a música.
E só então percebo que ela acabou. Droga.
Agora o lápis para na folha.
Ansioso por mais, desejando ser usado.
E eu paro.
Não quero mais escrever.
Não gosto mais de escrever.
Não quero mais lembrar de você.
Eu me calo.
Engulo o silêncio, o escuro, o papel.
Acabou.
Só a minha cabeça que continua a bater.

20 de setembro de 2013

me olhe

Desafie-me, enfrente-me, encare-me.
Nada de falsa modéstia, de timidez desnecessária.
Olhe-me, deseje-me, encare-me.
Quero olho no olho.
Azul, verde, marrom, preto, amarelo.
Aceito todos.
Recolho todos.

Olhares puritanos, questionadores, tentadores, severos...

até mesmo os marejados.
Recolho todos.
Aceito todos.

O poder do mistério, do brilho e da descoberta me encantam.

Quero olhar,
meu negócio é olhar...

Encare-me e te encaro de volta;

desafie-me e responderei com gosto [o desafio];
olhe-me e eu manterei o olhar.
Sem desvios, 
sem cautela, 
sem vergonha.

Coma-me com os olhos,

e talvez eu faça o mesmo.
Dispa-me, pois com certeza, eu o farei contigo.

Vigie meus olhares,

acompanhe meus olhos.
Descobrirá mais através deles do que qualquer boca jamais te dirá.

10 de setembro de 2013

azarado...

O que fazer quando você aposta todas as suas fichas em uma só pessoa?
E ela decide, de repente, dar pra trás e te decepcionar.
O que fazer quando suas apostas são altas. 
Tão altas quanto suas expectativas.
E, de inicio, parece que tudo vai dar certo.
E o medo toma conta e a primeira decepção vem de você mesmo.
Um auto-inimigo, um auto-destruidor, um você mesmo. 
Como sempre foi.
E quando já está preparado para guardar as fichas e quem sabe apostá-las no futuro,
tudo muda. Tudo ganha uma nova vida.
A aposta ainda é válida, ainda alta.
Mas aí a decepção vem da outra pessoa...
não suportando o compromisso de agir, se retrai.
Se esconde por desculpas, decepciona para depois se desculpar.
E como se não bastasse tudo isso, decide fingir que nada aconteceu.
Ora, por que não continuar como estava?
Apostas que pediam atitudes maduras depositadas na mão de uma criança.
E como toda criança faz, você brincou.
Brincou.
E agora tudo está ok.
As fichas estão guardadas.
A decepção gravada.
As apostas encerradas.
E quem saiu perdendo fui eu.
Acho que posso ser chamado de azarado....

1 de setembro de 2013

ah, as pessoas...

Algumas pessoas são seres um tanto incompreensíveis, difíceis de se lidar e, na maioria das vezes, esse tipo de pessoa não reconhece que é assim. Então lá vai você fazer todo o esforço do mundo para tentar entender pela enésima vez a mente da pessoa. E você tenta. E todos são prova de como você tenta.

Mas, também na maioria das vezes, quando você consegue entendê-la, a pessoa muda de opinião, troca de personalidade, torna tudo tão confuso outra vez. Outras ideias. Outras opiniões. Outros discursos. E lá vai você tentar entendê-la mais uma vez. 


E tudo se torna um ciclo vicioso. Entender, mudar, entender, mudar, entender, mudar. Até que cansa, perde a graça... e você desanima. Tenta ignorar, não se meter, não procurar. E é taxado. Dizem que agora foi você que mudou, mas nunca notam a mudança constante da pessoa. 


E então a pessoa arruma um jeito de chamar sua atenção. Você volta a se preocupar, a procurar saber, a querer saber. E a resposta é vazio. Nada de noites de conversa, nada de pedidos de conselho, nada de brincadeiras à parte, nada de nada.


E então a culpa é sua. Quem mandou não tentar entender sempre... 


E tudo muda. Como previsto, a pessoa diz que a culpa é sua. Você não quis ouvir; não quis ver; não quis saber; não quis opinar. Tudo bem, não vamos discutir. E então você volta a saber... pelo menos uma parte do que se tem para saber. Mas não opina, ajuda. Não vê, sente.


E de repente tudo muda. A pessoa, que nunca quis falar, pergunta porque você não quer ouvir. A pessoa, que não leva em consideração o que você faz, quer te massacrar que talvez ela estivesse certa desde o inicio. E tudo é nada. Nada de saber; nada de ouvir; nada de ver; só sentir.


E, por enquanto, acho que ficará assim. Mas não por eu não querer ouvir. É apenas algo chamado tempo... não cobro, espero que chegue; não pergunto, venha falar se quiser. E isso não é "não querer", é apenas o privilégio de não procurar entender.

24 de julho de 2013

e hoje eu decidi arrancar de mim...

sabe quando você se sente errado,
sujo,
incapaz,
mal,
por uma atitude na qual você não pensa muito?
E mais ainda...
mesmo se sentindo tão mal,
você vai lá e faz de novo?
Você comete o mesmo erro.
O erro que te faz sentir um lixo.
O erro que vai sempre trazer essa mesma consequência.
Eu cometo sempre esse mesmo erro.
Mas hoje eu decidi arrancar esse sentimento de dentro de mim.
Não quero mais me sentir mal, sujo, errado, uma merda.
Nem que eu tenha que afastar os que me motivam a errar...
hoje, eu não quero mais me sentir assim.
Nunca mais.
E mesmo que alguns digam que não se pode arrancar,
eu vou tentar.
E se não conseguir, vou enraizar.
Enterrar.
Impedir que floresça.
A partir de hoje, vai ser assim.
Ou pelo menos eu quero que seja.

20 de julho de 2013

feliz dia do amigo... eu acho

Me questionam por que brigamos.
Dizem que é fogo de palha, que estamos de palhaçada.
Antes mesmo de saberem os motivos, me apontam dedos.
Eu estou errado. Eu sou o errado.
É sempre assim.
Quando duas pessoas são tão parecidas, ou elas se dão bem ou elas brigam.
Parece que esgotamos o nosso limite de tempo se dando bem...
Mas é engraçado quanto sentimos falta um do outro.

No dia de hoje, me lembro de 4 anos atrás.

O último dia do amigo que passamos juntos, "de bem".
Me lembro de cada detalhe. Das risadas, das idiotices e de todas as porcarias espalhas sobre a cama.
Talvez nosso elo tenho se desfeito a partir dali.
O nosso elo se foi e virou o motivo da nossa primeira briga de verdade.
11 anos depois e os "garotos perdidos" deixaram todos d queixo caído: eles não se olhavam mais nos olhos.
De lá pra cá já se passaram 2 anos e, entre brigas e reconciliações, eu sinto sua falta.
De como tudo era antes. Dos nossos planos de ir viajar pra algum lugar calmo ou de conquistar a galáxia.

Hoje eu decidi lembrar, sofrer, me machucar. 

Abri o livro que você me deu;
li todas as cartas e papéis bobos que eu guardei;
mexi e remexi em lembranças, momentos e músicas;
e então escrevi. Você ama o que eu escrevo, não é mesmo?
Mas talvez não chegue até esse ponto, porque talvez você não queira ler sobre você.

Hoje eu senti saudade... de quem você era.

Senti saudades de você me ligar às 3h da manhã pra perguntar qual era o nome da música que tava tocando na festa do dia anterior (que, aliás, eu ouço até hoje).
Das suas visitas, quase sempre me acordando, puxando minha coberta e me jogando no chão.
Senti falta do cara que foi meu amigo nas horas boas e más, mas que se afastou e descontou em mim enquanto sofria.

E talvez, se você tiver lido isso tudo, você esteja chorando como eu e queira me ligar.

Eu poderia atender, aceitar suas desculpas e ficar horas pondo o papo em dia.
Mas nós dois sabemos que seria temporário e que o discurso continuaria o mesmo.
Portanto, prefiro que não ligue.
Então, por hoje, feliz dia do amigo... e nada mais.

26 de junho de 2013

O gigante acordou...

Os sanguessugas foram postos contra a parede,
escondidos atrás de seus ternos, suas promessas falsas e seus sorrisos simpáticos,
protegidos por uma farda incapaz e injusta.
O povo finalmente acordou, eles disseram.
Entenderam o significado de democracia.
Entenderam que os sanguessugas de olhares bondosos e palavras dóceis
também mordem. E já vêm mordendo o povo a bastante tempo.
Então está tudo propenso. 
Um governo insuficiente, um evento desnecessário, mudanças absurdas, um povo revoltado e uma força de contensão injusta e incapaz.
Várias cidades, diversos estados, um mesmo país.
Diversas frase, um mesmo grito, um clamor por mudanças.
Queremos um novo Brasil.
"O gigante acordou", eles entoaram.
E de fato foi lindo estar na rua,
ouvir todas aquelas vozes se juntando numa só,
chamando, gritando e batendo no peito o orgulho de ser brasileiro.
Orgulho de pertencer à uma terra quebrada, uma terra de promessas não cumpridas,
uma terra de falhas encobertas por maquiagem. Uma terra de hipocrisia.
"O gigante acordou", eles entoaram.
Mas será mesmo?
O povo percebeu que usar a voz é a melhor coisa que pode fazer.
Gritar, fazer acontecer, chamar atenção do mundo para um Brasil que não é disfarçado com bunda, samba e futebol.
Aliás, que futebol? Estamos mesmo numa copa? Não me recordo de notícias sobre isso...
Sim, o povo acordou. Ou boa parte dele sim.
Como podemos entoar "o gigante acordou", se ainda existe aquele que acha que é por 20 centavos?
Com que pensamento você vai às ruas, clamar seus direitos? Se for de forma protestante, pacífica e orgulhosa por tudo o que você está fazendo pelo país, continuo a te aplaudir e piscar a luz sempre que você gritar...
Mas será mesmo que o gigante acordou?
O país abriu os olhos pro que falta: educação, saúde e condições de vida.
Pois eu atento pra outras coisas também importantes que muitas vezes são suprimidas não pelos sanguessugas que tanto nos morderam, mas sim pelo povo que grita, que pinta a cara e que vai à rua.
Será que alguém lembrou do respeito, do bom senso e do pensamento livre?
Sim!
Respeito é uma das coisas que mais falta no Brasil. "Ora, pra isso reivindicamos boa educação!". Como uma sociedade que não respeita o outro, que julga tudo e todos, que exclui o minoritário e não acolhe nada que fuja dos padrões aceitáveis para si próprio pode ser digna de uma boa educação?
Por favor, não modifique meu discurso. Apoio toda a manifestação pacífica, que grita e pede mudanças. Mas o que eu venho perguntar é: já que estamos pedindo mudanças exteriores, por que não começar provendo mudanças interiores?
Bom senso se mostrou mais do que aceitável nessa situação de protestos. Ora, cadê bom senso em ir à manifestações para beber? Ir para gritar e entoar um hino, para logo em seguida destruir o que já é, precariamente, nosso? Cadê bom senso de julgar o que é certo e o que é errado...? Cadê bom senso em abrir os olhos sobre as mídias manipuladoras que mudaram o discurso sobre as manifestações e que de uma hora pra outra só falavam disso? 
Não tinha uma copa rolando? Vish, não me lembro...
Ao mesmo tempo em que a revolta chega, ela parece se tornar cada vez mais perdida.
Enquanto muitos querem gritar, outros só se importam com fotos em rede social.
Enquanto alguns piscam a luz em apoio, outros se escondem e nos chamam de vagabundos.
Enquanto uns fecham ruas e mudam o país, outros reclamam de como demoraram para chegar em casa.
Enquanto alguns levam spray de pimenta na cara, outros defendem a farda corrupta que "protege".
Farda essa que a tempos atrás estava do nosso lado da luta, gritando por direitos, querendo mais, não se contentando com o que tinha. E agora atacava de forma desnecessariamente agressiva aos que fazem o mesmo.
Enquanto alguns viam na TV que manifestantes começavam tumultos, outros sabiam da verdade pela internet. A tecnologia do futuro, onde a informação é passada tão rápido que quando você pisca, já chegou uma nova. 
Quem é que ganhou a copa mesmo? Como assim ainda tá rolando?
Enquanto alguns focavam em manifestações, outros fecharam os olhos pro que acontecia em volta.
Enquanto todos estavam à rua, o Presidente da Comissão de Direitos Humanos se achou no direito de aprovar uma nova doença.
E de repente, todos sofrem com essa doença... mas ninguém quer a cura.
O Brasil ainda está na copa? Teve gol do Neymar...?
Cura eu quero é pra incompetência do governo.
Cura eu quero é pras asneiras que muitos falam sem ter base ou fundamentos para tal.
Cura eu quero pras pessoas de mente pequena que não aceitam as diferenças e apoiam a tal cura.
Cura eu quero pros que acham certo um país rico em cultura de qualidade, ser conhecido como o país da bunda ou o do futebol.
Cura eu quero pra religião fervorosa que parece, infelizmente, alienar as pessoas cada vez mais. Talvez mais do que as tais mídias manipuladoras.
Cura eu quero pra todos aqueles que sofreram danos físicos enquanto lutavam por um novo Brasil.
Cura eu quero pro pensamento mesquinho de quem realmente acreditou que era por 20 centavos.
Mas, acima de tudo, o que eu quero mesmo é liberdade. 
Um país justo, onde cada um é livre pra pensar e agir como bem entende. 
Um país onde uma repórter, exercendo seu trabalho, não tome um tiro no olho.
Um país onde, mesmo que você não apoie as diferenças, você consiga respeitá-las.
Talvez isso seja mais utópico do que abrir mão do entretenimento maquiado pelas mudanças necessárias...

11 de junho de 2013

coragem

em diversos momentos da sua vida tudo o que você vai precisar é coragem...
coragem para não olhar pra trás e seguir em frente, tentando não se arrepender do que passou.
coragem pra mudar e ser diferentes; menos dependente dos outros, tornando a autossuficiência uma prioridade; sem se importar em se entregar, mas também sem fazer esperando algo em troca; ser bastante para si e para os outros.
coragem para poder dar um salto mais alto, pensar mais à frente, decidir sem se auto julgar.
coragem para arriscar; se deixar levar pelo desejo momentâneo que vêm num surto de adrenalina; pensar nas consequências negativas só depois; se arrepender por ter feito e não por ter pensado.
coragem para eternizar um momento caso ele seja bom; jogar todos os outros ruins fora, sem se importar se machuca... a você ou a outros.
coragem para bater o pé na sua decisão; bater de frente.
coragem para cuspir palavras amargas; não se importar com julgamentos e olhares tortos.
coragem para ligar o botão do foda-se e tentar ser feliz, com ou sem alguém... o importante é você. 
coragem para ser o centro do seu mundo; sem colocar ninguém em pedestal; dar mais atenção à si mesmo. 
coragem para desabafar... nem que seja para você mesmo; admitir todos os seus defeitos, erros e medos.
coragem para escrever, pensar e ousar sobre o que bem entender.
coragem para desafiar seu instinto de segurança.
coragem para pecar; ser sujo, mal, ambicioso.
coragem... que muitas vezes já me fez falta.
e, aliás, continua fazendo.
uma última nota, então, seria: coragem .... para ter coragem.

5 de junho de 2013

O Preço da Liberdade

"           Depois da morte de sua mãe, Bruna se viu perdida no mundo. Com apenas 9 anos e sem nenhum parente de sangue para ampará-la, se viu desolada e totalmente sem chão. A partir daquele dia ela seria obrigada a morar sozinha com Carlos, a obedecer ele, a ser dependente do homem que lhe causava medo e nojo.
            Mesmo com tão pouca idade, Bruna sempre soube julgar as pessoas pelos seus atos. E Carlos merecia tal julgamento. Chegava do trabalho totalmente bêbado, torrava o dinheiro que muitas vezes era do aluguel em bebida, forçava sexo com a mãe de Bruna – com ela por perto, quase sempre – e, o que mais fazia chorar de raiva, Carlos espancava sua mãe. Sua querida e delicada mãe. A mão dele descia e cortava o ar, batendo com força no rosto da mulher, virando-a e fazendo-a cair sobre os joelhos.
            
            Era com ele que Bruna fora obrigada a morar. Um homem que ela nunca respeitou ou sequer tentou obedecer durante os anos; um homem que lhe dava nojo; um homem que em nada fazia jus à memória de sua mãe; um homem que não mereceu a vida que teve... até agora.
            
           Conforme crescia, Bruna objetivou que sua vida seria fazer a vida de Carlos um inferno. Sempre com a desculpa de estar frágil e passando por momentos difíceis e depois amparada pela rebeldia comum da adolescência, a verdade era que Bruna estava mais do que consciente de tudo o que fazia. Da vez em que batera e deixara o carro dele explodir quando tinha 16 anos, da primeira festa com direito a furtos e objetos quebrados aos 15 e também durante todos os três anos em que passara roubando o dinheiro da carteira do padrasto, fazendo-o crer que tinha gastado o dinheiro com bebida.
            Mas com uma coisa Bruna não contava...
           
            Ela tinha completado dezoito anos há menos de dois meses. Era uma noite comum, como as outras. Ela tinha ficado deitada no sofá, de pernas pro ar, vendo televisão durante o dia todo. A louça estava na pia desde sabe lá quando. O cheiro de mofo vindo das quentinhas de papelão em cima da pia chegava à sala, mas não a incomodavam mais. Depois de tomar um banho quente, Bruna se vestiu e foi dormir.

Mais tarde naquele mesmo dia, Carlos chegara bêbado em casa e ficara enraivecido ao encontrar a casa no estado deplorável de arrumação. Dirigiu-se aos tropeços para o quarto de Bruna, pronto para lhe passar um sermão. Parou de imediato na porta. A verdade era que Carlos sempre observava sua enteada e percebera como ela havia crescido. Por diversas noites se pegou imaginando seu corpo curvilíneo e virgem, mas afastava tais pensamentos insanos. Mas Bruna nunca aprendera a fechar a porta do quarto e, dessa vez, Carlos não estava em suas faculdades mentais.
            A mão do homem deslizou pela coxa desnuda da menina, arrepiando-a os pelos da perna e do braço. Ele deitou-se sobre a menina, que acordara com o peso repentino em cima de si. Antes que pudesse gritar, no entanto, o homem a silenciou pressionando a mão de encontro à sua boca.
            
           Com a outra mão ele descera a calcinha dela e começara a dedilhar seu sexo, explorando um lugar que ninguém havia estado antes. Bruna lutava e se debatia, soltando gritos abafados pela mão firme do padrasto. Carlos segurou suas mãos logo depois de amarrar a fronha do travesseiro em volta da boca dela. Livrou-se da calça e arriou a cueca. Cuspiu na cabeça de seu membro que latejava de tesão e jogou seu corpo sobre a menina e empurrou-lhe o membro sexo à dentro. Para Bruna aquilo era um pesadelo. Para Carlos, um sonho.
           
            Bruna gritara. Um grito sofrido, abafado e choroso. As lágrimas escorriam pela sua bochecha e o ódio crescia, ficando maior do que já era. Maior do que foi. E ela de repente percebeu que não poderia fazer nada... naquele momento.
            Carlos continuou seus movimentos de vai e vem enquanto a menina se postara imóvel. Sem gritar, sem se debater. Apenas chorava e gemia de dor. O cheiro de sexo preenchia o ambiente. E assim permaneceu por mais algum tempo. Bruna chorava e encarava o rosto do homem. Um rosto que ela jamais esqueceria. Um rosto que demonstrava prazer. Enquanto ela chorava e sentia nojo, ele sentia prazer. Quando gozou, Carlos tirou-se de dentro dela e foi para o banheiro como se nada tivesse acontecido. Deixou a garota ali, com gozo e sangue escorrendo pelo lençol de sua cama.
            
             Bruna sentia-se imunda. Assim que o ouviu sair do banheiro, livrou-se da amordaça e se trancou lá dentro. Permaneceu por horas. Se esfregava e chorava de baixo da água quente; saiu do banheiro e se trancou no seu quarto. Deitou no tapete e se enroscou com a toalha cobrindo seu corpo. Chorou a noite toda.
            Nos dias seguintes, Carlos tratava a menina como se nada tivesse acontecido. E de fato, pra ele, nada tinha ocorrido. Ele não se lembrava de absolutamente nada daquela noite. Mas Bruna lembrava. E ela não conseguiria esquecer. Do rosto que denunciava o prazer. Dos olhos negros que fitaram o seu por alguns segundos. Olhos que a perseguiram em sonhos e durante todas as noites...
            
            Quando completou uma semana, Bruna tinha um plano. Carlos adormeceu no sofá, com a TV ligada. Era a hora perfeita. Foi em direção ao seu quarto, pegou a fronha suja que estava jogada no canto desde o fatídico dia e voltou à sala, pondo-se de pé frente ao porco sonolento do qual sentia repulsa. Admirou a cena por um segundo e sorriu. Finalmente ela se veria livre dele.
            
            Aproveitou-se da posição dele e passou a fronha pela sua boca aberta, amarrando-a firme, impedindo-o de fechar a boca completamente. Carlos remexeu-se, mas não acordou. Bruna foi até a garagem, pegou o pedaço de corda que ela preparara no dia anterior e, voltando à sala, pegou a garrafa de refrigerante de cima do balcão.
            Amarrou as mãos de Carlos, unindo-as uma em cima da outra. Depois de dar um último nó, abriu a garrafa de refrigerante e despejou em cima de Carlos. O homem despertou confuso e alerta. Percebera seu estado de impotência e começou a gritar. Bruna não ligava pros seus gritos. Quando Carlos tentou se levantar do sofá, Bruna empurrou-o de volta. Carlos olhava sem entender para suas mãos atadas e depois para Bruna, que não desviava o olhar. Ela queria que ele reparasse seus olhos. Que essa fosse a última coisa da qual ele lembraria depois daquela noite.
            Bruna remexeu no bolso traseiro da calça e tirou uma caixa de fósforos de dentro. Abriu a caixa e riscou um palito. Acontece que a garrafa não era de refrigerante...

            
            Quando o fósforo caiu no colo de Carlos, Bruna se afastou. O fogo abraçou o corpo do homem e os olhos da menina perderam o foco na mancha alaranjada que era seu padrasto em chamas no meio da sala. Carlos se debatia e gritava, mas Bruna não se importava com isso. Deu uma última olhada para o homem que agonizava em chamas e desespero, saiu da casa e foi em direção ao carro parado na calçada. Olhou uma ultima vez para a casa. Percebeu que o fogo havia se alastrado e agora consumia toda a sala. O pesadelo tinha acabado. Um sorriso apareceu em seu rosto. E, enquanto dava partida no carro, sentia-se limpa, finalmente."

- Jackson Jacques

24 de maio de 2013

por onde ando e o que ando fazendo

Bom galera, a postagem de hoje não é um dos textos reflexivos e desabafos que eu tanto faço por aqui. Mas também não é um texto que reflita o quanto eu estou bem, feliz. É apenas uma postagem refletindo o quanto eu estou fazendo e quão cansado eu fico por tudo isso. É, então de certa forma virará um desabafo. Ah, vocês me conhecem, nunca faço sentido mesmo.

Então, vamos lá: porque eu "larguei" o blog? Bom, primeiramente eu não larguei as minhas postagens melosas e reflexivas... é só que eu estou num momento onde o que tem acontecido comigo acaba mexendo com a vida de outras pessoas e se eu escrever sobre, acabaria falando algo que não deveria ou poderia falar. Então esses textos mais reflexivos estão meio que indo pro caderno apenas.


Mas pra falar a verdade, eu não tenho escrito tantos textos assim. Eu tenho extravasado minhas frustrações escrevendo sim, mas outras coisas. Como algumas pessoas sabem, eu tenho alguns projetos de histórias ficcionais que estão meio lá, meio cá e agora eu estou priorizando esses projetos. Afinal, são 4 projetos meus e mais 1 que eu resolvi ajudar e nenhum deles eu consegui concluir e estou achando isso o cúmulo do absurdo. Estou me tornando um autor atormentado pelas coisas que não escreveu. Então, no momento, eu tenho tentado dar continuidade nos meus projetos de escrita... 


Outro projeto que têm tomado bastante tempo não é de escrita, mas sim de criação, gravação, edição, divulgação e criatividade que é o Connect Qu4tro. Esse é um outro blog que eu criei com mais três amigos onde a gente fala de livros, filmes, séries e assuntos em geral e agora nós começamos a fazer vídeos para o canal do blog: Canal do Connect Qu4tro no Youtube. E sim, tudo isso dá um trabalho gigante.


Outras coisas que vem tomando um tempo generoso da minha vida é ler meus preciosos livros e ver as minhas atrasadas séries. Sou viciado em livros e séries e isso não é de hoje. Mas, por diversos motivos, as minhas séries atrasaram de uma forma imperdoável e agora estou correndo atrás para atualiza-las. E os livros, bem, minha lista de leitura só cresce e eu tenho que tomar vergonha na cara para lê-los. 


Então, é isso que vêm ocupando meu tempo, minha mente e meus dias. Aliás, sabe aqueles projetos de escrita que eu falei lá em cima? Então, vocês podem conferir o mais recente deles aqui nesse link: Doce desejo, selvagem tentação. ATENÇÃO: é uma história com conteúdo +18 e eu não me responsabilizo por nada do que possa ser ofensivo para uns e outros. Leiam a sinopse e os avisos antes de começarem a ler os capitulos.


2 de maio de 2013

e hoje o dia terminou bem...

hoje estou num estado fora de mim!
tão feliz que poderia escrever uma música, terminar o meu livro ou apenas ficar rindo feito bobo.
tão retardado que poderia aporrinhar e infernizar a vida dos amigos.
tão sorridente que poderia curar o câncer apenas com o sorriso.
tão sem noção que trocaria palavras e inventaria um vocabulário completamente novo.
tão musical que poderia parar a minha vida de repente e começar a cantar e dançar enquanto a chuva cenográfica cai sobre mim.
tão eufórico que poderia ter sido acusado de ser um usuário de crack.
tão leve que poderia ser confundido com uma pena.
Mas não, eu apenas estou bem. Muito bem, como eu não em sentia há tempos.
Mas, eu não vou fazer nada disso. Hoje eu vou fazer exatamente o que eu não queria fazer, eu vou ler.
Sim, vou ler. Quieto, sereno.
Já dizia minha mãe: o normal é chato. Você não é todo mundo então não precisa agir como todo mundo.

26 de abril de 2013

medo de olhar nos meus olhos

hoje eu parei pra pensar em como as pessoas têm medo de mim. Não, eu não sou nenhum monstro nem nada, não é isso que eu quis dizer. As pessoas têm medo de conversar comigo. Só isso justifica o porque de tantas conversas por telefone, sms ou chat. As pessoas devem sentir medo dos meus olhos, medo do que eu possa encontrar por trás de um movimento ou uma palavra. Sabe, eu consigo perceber algumas coisas que outros não conseguem. As pessoas devem sentir medo disso. Medo de caírem na própria mentira, serem pegos em flagrante quando falam de um sentimento querendo falar de outro, não quererem admitir ou ouvir o que eu tenho pra falar. Só isso explica tantas conversas sérias que acabaram sendo mascaradas por um "online". Engraçado é que sou eu quem sempre procura ter essas conversas pessoalmente e agora estou sendo acusado de fugir de uma conversa... bom, se você fala de uma conversa mascarada por um "online", sim, estou fugindo. A partir de hoje quero assuntos sólidos, conversas sérias, olho no olho, sentimentos sendo demonstrados ao invés de escondidos num "kkkk"... parece que não sou eu quem está fugindo, no fim das contas.

25 de abril de 2013

hora de mudanças

é uma bosta quando você chega num momento da sua vida onde tudo o que acontece se torna uma grande decepção, todas as pessoas que você considerava e queria bem estão, de certa forma, começando a lhe fazer mal. E, ao mesmo tempo em que você quer mais é que eles se fodam, você os quer perto. Ao mesmo tempo em que quer ser o amigo compreensivo, que ouve, que entende, não aceita ouvir e acha falta de consideração o que fazem, te machucando. 

As pessoas mudam, tenho tido provas constantes disso. Mas agora é a minha vez de mudar. Minha vez de não mais acreditar em algumas coisas, de reprimir opiniões sobre tudo e todos, só responder quando for questionado. Ser diferente, agir diferente, tratar diferente. Agora a minha vida vai ser minha e a sua, bom, você que compartilhe com quem bem entender. Agora eu vou tentar segurar a curiosidade, porque é dela que surgem as piores surpresas e as maiores decepções. Agora eu vou falar do mínimo, sem me entregar ao máximo e nem sequer desejar o médio. 


Mais que isso, eu quero que isso de fato ocorra. Que eu esqueça de você, esqueça de tudo que te envolve, não me importe com você, seja menos "nós" e mais "eu e você". Conte-me se for de bom grado e quiser. Ainda assim, estarei disposto a te ouvir, a te aconselhar. Mas, não espere mais as conversas longas de confissões e declarações... hoje, não mais. Aprendi, de uma vez por todas, que eu não sou obrigado a me meter na vida de ninguém. Cada um faz o que bem entender de agora em diante...

21 de abril de 2013

sendo um grande homem

Dizem que um grande homem é aquele que sabe deixar o orgulho de lado a ponto de reconhecer seus erros e mais ainda, querer consertá-los. Um grande homem é aquele que se posta à receber as consequências de seus atos, boas ou ruins. E, acima de tudo, um grande homem só assim se torna quando percebe esses fundamentos. Pois hoje, dei inicio ao processo de me tornar um grande homem...

Hoje, quando ouço falar de você, penso em quão errado em fui em julgar antes de te ouvir. Errado por expor o que não deveria ser dito. Errado por ignorar e tentar esquecer, quando na verdade era tudo tão presente. Hoje, quando ouço falar de você, me pergunto se você ainda pensa no que aconteceu, se você se arrepende da mesma forma que eu. Hoje, quando ouço falar de você, tenho vontade de perguntar se está tudo bem, se você fala de mim. 

Hoje, quando você apareceu, pensei em te dar uma segunda chance. Pensei em passar uma borracha em tudo, tentar esquecer que algum dia isso tenha acontecido. Pensei em te abraçar e te dizer que eu te entendo, porque sim, eu te entendo. Pensei em conversar com você, sermos totalmente sinceros, finalmente. Pensei em pedir desculpa pelo meu erro, mesmo que o maior errado tenha sido você. Pensei em não jogar fora a nossa amizade, em acreditar que isso foi apenas uma prova pra ela.

Hoje, quando você for embora, talvez esses pensamentos continuem na minha cabeça. Ou talvez eles vão embora. Talvez você leia tudo isso, reflita e decida que já passou da hora da nossa tão adiada conversa. Talvez você a queira tanto quanto eu. Talvez você pense sim no que aconteceu, se arrependa... 

Amanhã, quando eu acordar, talvez tudo possa ser resolvido. Por hora, o que eu espero é que você fique bem... 

12 de abril de 2013

mente, corpo e coração ...

Enquanto a mente vaga, 
o corpo clama e
o coração implora.
Enquanto a cabeça vai longe, deixando passar o que devia ver e ouvir,
o corpo esfria sentindo necessidade de você 
e o coração, como sempre, suspira com o desprezo, com o sentimento impróprio.
A cabeça que há muito esqueceu a razão e se entregou aos seus jogos.
O corpo, que nunca foi tocado pelas suas mãos, sente falta do desconhecido.
O coração sente dor, por mais uma vez arrebatado pela rejeição de costume.
A cabeça devia entender que é impossível,
o corpo deveria se afastar
e o coração...ah, esse deveria aprender o amor próprio.

30 de março de 2013

um ponto final

E agora que a ficha do bom senso caiu, você se faz de doído e de coitado.
Diz que eu não te entendo, que eu não sei como é difícil. 
E que eu sou o errado de tudo, que não deveria ter feito isso ou aquilo.
Que eu nunca passei por nada disso, que eu não te aceitaria da mesma forma.
E, mais injusto impossível, você me implora perdão.
Você não tem o direito de me pedir isso e, no fundo, espero que você saiba disso.
E agora, tudo o que eu penso é como vai ser fácil te tirar da minha vida.
Sem fotos, sem nada que me lembre a você. E eu dou graças à Deus por isso.
Logo eu, quem mais quis uma foto juntos. Quem mais se esforçou para criar lembranças suas.
Hoje, logo eu, agradeço por não o ter feito.
Hoje, pelo menos num primeiro momento, tudo o que você é pra mim é estranho.
Não posso passar por cima do meu orgulho ferido para te perdoar.
O máximo que eu posso fazer é ouvir, te ver chorar como você diz que faz.
O máximo que eu posso fazer e me permito fazer é não pensar.
E quem sabe tudo isso seja, no futuro, apenas uma prova pra nossa amizade,
mas por enquanto, essa é uma vírgula... 
prestes a virar ponto final.