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1 de novembro de 2013

lidando com a realidade de um sonho qualquer

São quatro da manhã.
Estamos deitados no escuro de um quarto qualquer e eu já não sei mais o que é qualquer coisa ao meu redor.
O cheiro do seu corpo impregna minhas roupas, minha mente, meu olfato.
Sua presença é sempre tão constante, mesmo você estando tão longe de mim frequentemente.
Agora teu corpo está imprensado no meu e tudo o que eu queria era que esse momento permanecesse eterno.
Não, eterno não, mas que durasse mais.
Sua mão tocando meu rosto, arranhando minhas costas, embrenhando-se pelos meus cabelos.
Hoje estamos deitados num canto tão diferente do nosso que faz com que tudo seja novo e estranho, mesmo que sejamos velhos conhecidos.
A intimidade, a brincadeira, o riso tão frouxo e ao mesmo tempo tão forte.
Tudo me convém, me agrada, me aquece.
São quatro da manhã.
E você dorme.
Como você consegue dormir?
Tudo o que eu consigo é te observar dormir. Suave, doce.
Te observo para ter a certeza de que você ainda está ali, de que não vai sumir como um sonho.
Te agarro e sinto o prazer de ter você em meus braços.
Seu cabelo tocando suave a minha pele, o peso da sua cabeça sobre o meu braço, o calor do contato.
Como você consegue dormir?
Me ensina.
Me ensina a conseguir fechar os olhos e me tornar tão sereno quanto você.
Me ensina a não te desejar a ponto de conseguir relaxar toda a tensão quando estamos juntos.
São quatro da manhã.
Preciso ir.
Sim, hoje sou eu quem te abandono.
Num quarto qualquer e eu já não sei mais de qualquer coisa.
Preciso andar.
Não vou dormir.
Preciso lidar com a confusão na minha cabeça.
Preciso entender como você consegue dormir.
Preciso... de você.
E então eu volto.
Pro meu quarto, pra minha vida.
E tudo não passou de um sonho.
Mas eu ainda sinto o seu perfume no meu travesseiro.

Então preciso lidar com a ideia de que talvez não tenha sido sonho.

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