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25 de julho de 2012

overdose

Já estou na minha quinta dose ou na primeira, tanto faz. Hoje, meu destino está no fundo do próximo copo. Na minha mão está o bilhete que você me deixou antes de partir. Amassado e suja, com sua letra ali impecável. Engulo e de imediato sinto o ardor da tequila e logo em seguida minha mão está no ar, repetindo o gesto já conhecido, quase automático de pedir uma nova dose.

Já estou na minha vigésima dose e agora sou eu quem me sirvo. Olhava do copo para a garrafa, trocando o meu recepiente padrão. Sua voz ainda clara em minha mente. Seu perfume parece não sair do meu corpo, divide lugar com o fedor de bebida e cigarro que impregna em minha roupa.
Mesmo expulso do bar, levo comigo o restante da garrafa de tequila. Queria saber meu destino e agora era lá no fundo que ele estava.

Apaguei. Caí duro no meio da calçada. A última coisa que me veio a cabeça foi a sua voz chorosa. "Não me procure mais". Não me movi mais. Fiz como você me pediu. Não te procurarei mais. Estou morto. Overdose filha da puta!

24 de julho de 2012

pense num bom título

Hoje foi mais um dia em que tudo o que eu quero e preciso é pensar. É estranho as inúmeras coisas que podem acontecer com você e mexer com você durante um dia. E quando termina e você está deitado na sua cama, já não sabe dizer se um fato ou outro tinha ocorrido hoje ou ontem. Hoje foi mais um dia assim.

Acordar com um pressentimento ruim e com a certeza de que nada está tão ruim, que não possa piorar. Sofrer as decepções diárias. Amar pessoas que não te amam. Estar com os sentimentos tão confusos quanto uma "cama de gato" mal feita. Ter os momentos de insegurança e estresse. Ter também o momento sonhador, o que planeja novas coisas e novos projetos. Ouvir as músicas de fossa que a muito se tornaram companheiras. Sentir saudade da vida. De querer juntar os melhores pedaços da vida, juntar num liquidificador, acrescentar um pouco de vodka e saborear. Dia e noite se confundem e tudo isso já passou. E minha mão percorre ligeiramente o papel, não deixando minha mente descansar e causando dores no meu braço.

E por fim, antes de dormir, vem o momento de praguejar a vida, chorar e ter a eterna dúvida do sentido de tudo.

20 de julho de 2012

mais uma noite sem dormir

Já é tarde quando olho no relógio. E já sabia disso antes mesmo de olhar. Passara as últimas duas horas pensando em você. O passado, já dizia o sábio, é um baú que quando revirado nos traz lembranças ótimas. Eu mexi nesse baú e agora não consigo parar de pensar de você. E, depois de ontem, você sabe disso. E, sinceramente, não quero esconder. Pode parecer precipitado ou enfim. 

A verdade é que me pego sorrindo abobado quando converso com você. Fico triste quando sei que você está triste ou sofrendo. Você merece alguém que cuide de você e não esses carinhas que passam pela sua vida e só deixam decepções e dores. Eu quero ser esse cara. O que vai cuidar de você. O que vai fazer de tudo por você e que não vai te machucar... não vai ser mais um desses carinhas.

Tudo o que eu preciso agora é que você me diga se eu posso pelo menos tentar...

17 de julho de 2012

Coisas que me irritam: Hipocrisia

Esse papo de falar de hipocrisia tem virado tão costumeiro que vai ter gente que nem vai se dar o trabalho de ler. Mas fazer o que quando hoje em dia a sociedade vive de se fazer hipócrita? E são os mais diversos exemplos. Religiosos que cultuam Deus aos domingos, mas aos sábados está se acabando no baile. Pessoas que falam algo e não sustentam, e acabam fazendo totalmente o oposto. Gente que diz que não gosta de textos românticos ou depressivos (tipo os daqui), mas escreve coisas que beira o "vou cortar os pulsos"...
Tudo isso é muito chato e superficial. Chega né! Século 21 já chegou e tá na hora de vocês aprenderem a sustentar quem vocês dizem que são. Se é pra ser cafajeste, seja O cafajeste. Não assuma uma persoanlidade 50%, assuma por inteiro... Daí, quando te acusarem de ser desse jeito, você não vai precisar de desculpinhas e de tentar enrolar ninguém. Você vai bater no peito e mandar um foda-se pra quem te critica. Porque não dá pra agradar todo mundo não é mesmo? Então, eu prefiro agradar os melhores.

14 de julho de 2012

ah, a sociedade...

"O rouge virou blush. O pó-de-arroz virou pó-compacto. O brilho virou gloss. O rímel virou máscara incolor. A Lycra virou stretch. Anabela virou plataforma. O corpete virou porta-seios. Que virou sutiã. Que virou silicone. A peruca virou aplique… interlace… megahair… alongamento. A escova virou chapinha. ‘Problemas de moça’ viraram TPM. Confete virou MMs. A crise de nervos virou estresse. A purpurina virou gliter. A tanga virou fio dental. E o fio dental virou anti-séptico bucal. Ninguém mais vê: O à-la-carte porque virou self-service. A tristeza agora é depressão. O espaguete virou miojo pronto. A paquera virou pegação. A gafieira virou dança de salão. O que era praça virou shopping. A areia virou ringue. O LP virou CD. A fita de vídeo é DVD. O CD já é MP3. É um filho onde eram seis. O álbum de fotos agora é mostrado por e-mail. O namoro agora é virtual. A cantada virou torpedo. E do ‘não’ não se tem medo. O break virou street. O samba, pagode. O carnaval de rua virou Sapucaí. O folclore brasileiro, halloween. O piano agora é teclado, também. O forró de sanfona ficou eletrônico. Fortificante não é mais Biotônico. Polícia e ladrão virou Counter Strike. Fauna e flora a desaparecer. Lobato virou Paulo Coelho. Caetano virou um pentelho. Elis ressuscitou em Maria Rita. Raul e Renato. Cássia e Cazuza. Lennon e Elvis. A AIDS virou gripe. A bala antes encontrada agora é perdida. A violência está maldita. A maconha é calmante. O professor é agora o facilitador. As lições já não importam mais. A guerra superou a paz. E a sociedade ficou incapaz. De tudo. Inclusive de notar essas diferenças.
Luís Fernando Verissímo. 

13 de julho de 2012

tudo uma questão de humor

Tem pessoas que só falam comigo quando querem ou que nunca falam comigo. Mas, sempre tem aquele dia que essa mesma pessoa acorda de bom humor... e, o cérebro dela de alguma forma a faz lembrar de mim. Daí vem e puxa assunto comigo, diz que eu tô sumido, que tá com saudades de mim, que eu estou sumido. É engraçado porque são pessoas que realmente são especiais pra mim, mas que eu simplesmente desisti de puxar assunto pelo simples fato de estar cansado de ficar no vácuo ou de levar forinha. Prefiro que fale comigo só quando está de bom humor... mas vê se da próxima vez não joga a culpa em cima de mim.

7 de julho de 2012

Sou um homem bom, com um coração bom
 Passei por dificuldades, comecei de forma complicada 
Mas, finalmente, aprendi a deixar rolar
 Agora estou bem aqui e estou nesse exato momento 
E estou aberto, sabendo, de alguma forma, 
Que meus dias de sombras acabaram
 Meus dias de sombras acabaram

John Mayer - Shadow Days

cafetão de sentimentos

você pode estranhar o título dessa postagem e até ter receio de ler ou se assustar um pouco. Se assuste sim, mas leia! A um tempo atrás eu escrevi um texto falando que a felicidade era uma puta e que por vezes ela cobrava valores muito altos pelo serviço. Hoje já posso dizer que consigo controlar minha felicidade ou minha tristeza. Consigo me isolar ou me infiltrar de maneira sutil ou exuberante. Consigo controlar o que quero passar nos olhos, afinal dizem que são os olhos, a porta da alma. Consigo me acalmar ou me deixar viver. Consigo ser um explorador dos sentimentos. Tirar ao máximo de cada um deles. Seja de momentos para se recordar em épocas felizes ou de textos melancólicos e de reflexão das épocas tristes. Eu me tornei um cafetão. Os meus sentimentos trabalham pra mim... cobram altos valores cujo grande parte vem para minhas mãos. Não sei se vocês entenderam, mas essa também não era a pretensão. Mas se dizem que vida de puta não é fácil, a de cafetão é menos ainda.

2 de julho de 2012

quando o texto vem de uma fonte que não era esperada

"Não consigo ver-lhe com bons olhos, a morte, vejo-a como uma usurpadora do espírito humano de perpetuar-se, de viver aquilo que ainda não foi vivido, de experimentar aquilo que não foi experimentado, de ser aquilo que nunca se foi. Por hoje ela é para mim a senhora da foice, inclemente e maldosa. Não posso ainda vê-la como parte do ciclo da vida, como a dama generosa que nos reconduz a nossa verdadeira morada espiritual.
Por hoje eu tenho raiva dela e, se pudesse, faria-a experimentar do próprio veneno. Eu gostaria de matar a morte."


Carlos Eduardo Manhães -@professorbanger
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