Páginas

13 de novembro de 2013

um café com gosto de saudades

Hoje eu acordei saudoso..
ou melhor, nostálgico.
Ou talvez ambos.
Num mix meio louco de emoções, quem sabe.
Tirei a poeira de livros antigos,
folheando algumas páginas e parando em um qualquer,
meio que para me lembrar da história e sorrir ou sentir o coração apertar um pouco.
Mexi nos discos antigos,
fui me transportando para terras de músicas lentas e meio melosas.
Deus, como eu era chato.
Tentei ouvir discos novos.
Qual não foi minha surpresa ao descobrir que eles continuam iguais.
Alguns são até o mesmo disco.
Outros são de estilos parecidos...
Deus, como eu sou chato.
Hoje eu tirei alguns tantos textos secretos do armário.
Li, reli, rasguei, pus fogo.
Em um, dois ou todos.
Enquanto lia, me afligi novamente com as situações em que eles foram escritos.
Mais ainda, me afligi pelas pessoas para qual eles foram escritos.
Todos tão passado, tão não eu, não meu.

Hoje eu tirei os cadernos guardados e reli cada baboseira escrita nas margens.
Senti falta de roupas que já não me servem mais e que há muito já não são minhas.
Quis de volta pessoas que se foram há três anos.
Ou mesmo as que me deixaram apenas metaforicamente.
Cheirei algumas cartas e percorri o dedo pelas tantas caligrafias que me presentearam ao longo da vida.
Hoje eu olhei fotos.
Nossa, isso foi nesse ano?
Ual.

Hoje eu quis de novo.
Tudo o que eu já tive.
E mais ainda, o que não tive também.
Liguei para uma pessoa.
Me esqueci que esse número não existe mais, não há ligação alguma.
Nenhuma voz me disse oi.
Nenhuma voz me perguntou se tá tudo bem.
Nenhuma voz sorriu e disse que eu estava sendo bobo.
Nenhuma voz pra dizer que sente saudades.
Mas é, eu sinto saudades.

Do que eu era,
do que eu sou
e até do que eu pretendo ser.
Eu já não sou mais eu...
é uma sensação tão estranha se sentir tão fora do mundo.
Hoje eu fiquei jogado no meu canto.
Visitando velhos fantasmas, velhas lembranças, velhas pessoas.
Não quis papo.
Queria um abraço e um café, talvez.
Me queimei com o café por pura desatenção.
Quatro ou cinco vezes.

E eu sei que eu não deveria estar assim,
mas o engraçado é que eu não faço ideia de como cheguei aqui.
Sabe o que eu preciso mesmo?




Café. E música.

1 de novembro de 2013

lidando com a realidade de um sonho qualquer

São quatro da manhã.
Estamos deitados no escuro de um quarto qualquer e eu já não sei mais o que é qualquer coisa ao meu redor.
O cheiro do seu corpo impregna minhas roupas, minha mente, meu olfato.
Sua presença é sempre tão constante, mesmo você estando tão longe de mim frequentemente.
Agora teu corpo está imprensado no meu e tudo o que eu queria era que esse momento permanecesse eterno.
Não, eterno não, mas que durasse mais.
Sua mão tocando meu rosto, arranhando minhas costas, embrenhando-se pelos meus cabelos.
Hoje estamos deitados num canto tão diferente do nosso que faz com que tudo seja novo e estranho, mesmo que sejamos velhos conhecidos.
A intimidade, a brincadeira, o riso tão frouxo e ao mesmo tempo tão forte.
Tudo me convém, me agrada, me aquece.
São quatro da manhã.
E você dorme.
Como você consegue dormir?
Tudo o que eu consigo é te observar dormir. Suave, doce.
Te observo para ter a certeza de que você ainda está ali, de que não vai sumir como um sonho.
Te agarro e sinto o prazer de ter você em meus braços.
Seu cabelo tocando suave a minha pele, o peso da sua cabeça sobre o meu braço, o calor do contato.
Como você consegue dormir?
Me ensina.
Me ensina a conseguir fechar os olhos e me tornar tão sereno quanto você.
Me ensina a não te desejar a ponto de conseguir relaxar toda a tensão quando estamos juntos.
São quatro da manhã.
Preciso ir.
Sim, hoje sou eu quem te abandono.
Num quarto qualquer e eu já não sei mais de qualquer coisa.
Preciso andar.
Não vou dormir.
Preciso lidar com a confusão na minha cabeça.
Preciso entender como você consegue dormir.
Preciso... de você.
E então eu volto.
Pro meu quarto, pra minha vida.
E tudo não passou de um sonho.
Mas eu ainda sinto o seu perfume no meu travesseiro.

Então preciso lidar com a ideia de que talvez não tenha sido sonho.