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15 de outubro de 2013

mais um ano

Mais um ano se passou e dessa vez eu nem percebi. Talvez seja por eu já ter me acostumado à ideia de não ter mais você comigo, de não poder te abraçar ou te ligar tarde da noite pra contar aquele pesadelo tosco de sempre. Ou então talvez você já seja tão parte de mim que eu não consiga perceber que já faz tanto tempo. Mas hoje eu lembrei, resolvi olhar o calendário e percebi que deixei passar. Hoje eu ouvi a sua música e todos os pensamentos me levaram até você, me fizeram sentir você, me fizeram querer que tudo isso fosse apenas um sonho, que você estivesse comigo. Hoje eu desenterrei suas cartas, deixei se perfume tomar conta do meu quarto, do meu corpo, da minha mente. Me permiti ser seu outra vez. Só seu e de mais ninguém, como fomos por um longo tempo. 

Mas, se você quer saber, hoje eu não chorei. Não relutei, não me fechei ou sequer me senti mal por não ter percebido. Hoje eu apenas revivi memórias boas, senti falta de viver aquilo tudo de novo, quis ter mais lembranças suas (físicas e mentais) e desejei um dia a mais. Um dia pra te abraçar, te beijar, te aninhar junto ao meu corpo, te ver dormir quem sabe, com a cabeça no meu colo enquanto eu mexo no seu cabelo e cantamos uma música qualquer. Foi tão bom. Tão bom que eu cheguei a enxergar isso acontecendo.


E de repente me senti louco. E as janelas tremeram quando a música acabou. Era você. Sempre é você. Abri e deixei o vento entrar. Ele levou embora o seu perfume; bagunçou as suas cartas e fez cócegas em mim. Sem dúvida, era você. 


Guardei tudo. Recolhi as memórias, o seu cheiro, os seus beijos, o seu toque. Tudo foi guardado. Na mente, no peito ou na gaveta. E então eu fiquei quieto, esperando. Mas o que? Talvez uma confirmação de uma desculpa. Mesmo não estando errado, ainda achava que tinha errado. Encolhi. Você sabe que eu sempre fui um tanto medroso para o mundo... e eu não queria saber do mundo. Não hoje.


Então eu dormi. Me permiti ficar jogado, vendo filmes ou escrevendo esses tantos parágrafos que por vezes foram rabiscados. me permiti tentar encontrar as palavras certas para representar todos os anos. Os que estivemos juntos e os que tivemos separados. Até agora, não sei se achei nenhuma que sirva, por isso eu paro por aqui. Na esperança de que talvez tenha sido você... que tenha me reconhecido e vindo me abraçar, me fazer cócegas e bagunçar meu quarto. E se não foi, bom, prefiro não pensar nessa possibilidade...

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