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6 de outubro de 2013

promessas pra quem?

Hoje eu me convenci de que não escreveria.
Apesar de ter pensado e refletido diversas coisas, convenci-me de que nada merecia o conforto do papel.
E como eu nunca fui um cara que cumpre promessas feitas a si mesmo, cá estou.
Deslizo o lápis pelo papel ao som de uma música qualquer, com um piano forte e vozes grossas.
Tudo muito alto, robusto e grosso.
A letra, a voz, o papel, a música.
E ainda assim, não sei sobre o que escrever.
Talvez seja apenas a necessidade de expressar... o que sinto, o que penso, o que quero.
Mas tudo isso é muito tenso e acho melhor não falar sobre.
Como poderia falar sobre o que sinto sem expor pessoas?
Seria certo dizer que passei o dia pensando em você, enquanto provavelmente você pensa em outro?
Acho que não, então por isso me recuso a afirmar que pensei em você.
Não, eu não pensei.
No máximo eu lembrei com certo afeto.
Seria certo dizer que pensei no futuro e no passado sem olhar pro presente? Sem me preocupar com as pessoas que me querem (bem ou mal) atualmente...
Acho que não, então por isso afirmo apenas que pensei.
Nossa, e como pensei.
A música ficou mais alta; minha dor de cabeça estourou.
Um dia de tanta reflexão que me causa ânsias.
Ânsia pelo que eu fui, sou e serei.
Ânsia pelo que fiz, faço e farei.
Ânsia por estar descumprindo uma promessa feita no começo do dia.
Rabisco no alto da folha: EU NÃO ESCREVEREI
e, fazendo isso, desatino a escrever.
Esse texto. Outro texto. Outro eu. Um você.
Seria certo dizer que eu quero? 
Seria ousado dizer que não preciso do profundo, que me contento com o superficial?
Acho que não, ninguém aceita isso.
A música muda.
Uma gaita e um violão entram em cena, a voz é mais calma.
Decido ler. 
Quero ler.
Preciso ler.
Não consigo ler.
Não sei ler.
Desaprendi.
Perdi a vontade.
Vou escrever; mas eu lembro que prometi não escrever, então escrevo mais um pouco.
O quarto está escuro, tomado pela lua que não brilha.
Desejo outra vez.
Você. Nós. Eu. 
Nada. Tudo. Não sei.
Tá escuro, tá confuso.
Aliás a minha mente é meio assim.
Escura, confusa.
Esfrego os olhos.
Decido dormir.
Não consigo dormir.
Não consigo deixar de pensar.
Hoje a noite será em claro.
Decido escrever mais... foda-se a promessa.
O papel já tá todo rabiscado.
Erros completam uma folha que poderia ser a minha vida.
Torta, apagada e com algumas linhas faltando.
Não quero mais.
Quero ouvir a música.
E só então percebo que ela acabou. Droga.
Agora o lápis para na folha.
Ansioso por mais, desejando ser usado.
E eu paro.
Não quero mais escrever.
Não gosto mais de escrever.
Não quero mais lembrar de você.
Eu me calo.
Engulo o silêncio, o escuro, o papel.
Acabou.
Só a minha cabeça que continua a bater.

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