Ouço
barulhos de zíper e velcro.
Nossas
roupas estão no chão.
O que
estamos fazendo?
Por que
estamos fazendo?
Nossos
corpos se aproximam, nossos lábios se tocam.
Quentes,
como se pertencessem um ao outro.
Um encaixe
perfeito ao mesmo tempo tão errado.
Sinto o
gosto dos tantos outros que passaram.
Tenha sido
um ano, um mês ou vinte minutos, consigo sentir cada um dos amargurados que
cederam aos teus encantos.
Deslizo a
mão por seu corpo e tudo o que consigo vislumbrar é o toque já repetido e
recebido de diversas formas. O meu não faz diferença.
Mas o corpo
deseja.
O meu.
O seu.
Deseja
unir-se, serem mais do que meros desconhecidos.
E então,
selvagem e arrebatadoramente, você se aproxima.
E tudo
parece acontecer tão normalmente que não há consciência ou mente que segure o
corpo.
Hoje quem
toma posse é ele.
Ele quer ser
tocado enquanto toca.
Ele quer
sentir, enquanto sente.
Ele quer
beijar e ser beijado.
Ele quer.
Talvez
tenhamos cometido o maior erro das nossas vidas.
Não
deveríamos deixar o corpo ser tão dominador.
Eu não posso
deixar isso acontecer.
Porque,
depois que a consciência volta, sou eu quem carrega a culpa.
Você caminha
para mais tantos amargurados de beijos ácidos e doces e salgados e vazios.
Talvez
tenhamos entrado num terreno perigoso.
Mas, por
enquanto, com o corpo no comando me fazendo desejar teu corpo, tua mente e a
tua presença, tudo o que consigo imaginar é quão bom esse perigo seja.
E amanhã,
quando nos separarmos, tudo isso desaparece.
A mente
volta a reinar, a consciência pesa, o álcool fala mais alto e a pergunta de
sempre voltará.
O que
estamos fazendo?
Por que
estamos fazendo?
Mas, quando
nos encontrarmos de novo, os corpos falarão mais alto e o desejo aumentará à
cada olhar, toque, sentido e prazer.
E de
repente, nada vai parecer errado.
Tudo será
possível.
Tudo será do
corpo... mais ainda, será da carne.
Quente,
úmido, sujo e perigoso.
Como sempre.
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