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27 de novembro de 2012

é de comer?

Quando tudo chega assim, tão de repente, tão rápido, tão forte, a minha fé e a minha confiança que poderia dar certo vão embora. Daí eu me vejo perdido, quase vendo solidamente o futuro escorrer pelas mãos. O futuro que eu tanto sonhei durante dois anos. O futuro que eu esperei que viesse por mais de um ano. O futuro que eu quero para mim. Tudo se desfazendo, indo embora. E não sei se sou eu ou se é a pressão imaginariamente exterior que eu criei sobre mim, mas eu simplesmente não me vejo conseguindo fazer com que o futuro volte a estar ali, sossegado na palma da minha mão... apenas esperando para que eu o esmague e o tome. Dizem que eu preciso ter fé, que tudo vai dar certo se eu acreditar .... fé? e o que é isso, é de comer? já não sei o que é faz tempo ...

11 de novembro de 2012

miss you, sweet alice...

Hoje é um daqueles dias em que eu preferia não acordar. Um dia que poderia ser riscado do calendário. Um dia para lembrar de você, de quanto você era incrível, de sentir saudade, de praguejar o culpado por ter tirado você de mim.

Eu nem sei escrever bem sobre isso, mas você me conhece, o papel sempre foi meu segundo confidente. Você, pra mim, sempre foi como Alice. Perdida num mundo só seu, com seus amigos chapeleiros e lebres e coelhos de colete. Talvez daí o meu fascínio pela história. Você é a minha Alice. E é bem estranho pensar dessa forma, porque foi também hoje que pensei mais ainda nessa comparação. Hoje é o seu (des)aniversário. Hoje vamos comemorar eu e você, como nos bons tempos. Hoje vamos reunir nossos amigos gatos risonhos, chapeleiros, lebres e coelhos para um chá. "Alice convida a todos para seu 2º Desaniversário".

Seria tão bom se tudo pudesse ser como no seu mundo. Mas nada, pra mim, é uma maravilha. Você se foi, levando consigo uma parte de mim, e agora as nossas datas me doem lembrar.
Dor essa que já não mais ocupa só minha mente. Hoje meu corpo acompanhou a dor na minha cabeça e no meu coração. Hoje minhas memórias me trouxe de presente você. Com toda a força e energia que só você tinha. Seus sorrisos, seus abraços, seus beijos e nossos momentos juntos vieram juntos, todos fortes.

Agora como suportar tudo isso? Parece que com você, foi também a minha força, porque eu já não mais sorrio nesse "dia tão especial". O sorriso, que era só pra você, já não me vêm. Em seu lugar vêm as lágrimas e um pouco de ódio.
Mas mesmo assim cá estou eu, tomando nosso chá mais uma vez. Feliz dezessete anos bebê... aonde quer que você esteja.

8 de novembro de 2012

cuidado: cão raivoso

Minha cabeça está uma verdadeira confusão e eu já não faço mais idéia do porque de estar assim. Já cansei de tentar sair do estado de espírito depressivo que vem e toma conta de mim vez ou outra. Decidi que vou abraçá-lo e niná-lo até que ele durma e sossegue, o que quase nunca acontece. Me sinto perdido, mas também não sei se quero ajuda para encontrar o que quer que eu tenha que encontrar. Talvez por medo. Medo do desconhecido, do grande, da mudança. É, parece idiotice... eu, que sempre bati no peito o quanto eu queria mudar, o quanto eu encararia de frente tudo o que viesse. E agora estou tremendo, como um menino com medo do bicho-papão, no escuro. Enroscado no canto, grunhindo pra quem quer que me perturbe. Um monstro. "Não perturbe" diz a placa presa no meu pescoço. E assim as lágrimas caem. Caem, molham a face aos tantos e depois cessam. E de repente já é hora de não ser mais assim. A hora de ser e pensar positivo e tentar acreditar que tudo aquilo não passou de um momento. Um momento estranho, medonho e que não acontecerá de novo. Mas será que não vai?

As pessoas me tratam como se eu fosse estranho ou talvez como se eu não entendesse nada. Meu interior apenas revira os olhos pra elas. "Ainda tem que apanhar muito da vida", é o que dizem. Mas será mesmo que eles pensam que eu, você ou qualquer outra pessoa, qualquer que for a idade, nunca tenha apanhado da vida? 

Não, é lógico que eu não apanhei da vida. Afinal, ter que lidar com a perda da sua melhor amiga/namorada não é apanhar da vida. Ver seu melhor amigo se mudar e fugir de você não é apanhar da vida. Ouvir que você não faz nada, quando na verdade tudo o que você faz é na esperança de ouvir um elogio, não é apanhar da vida. Ter que lidar com a pressão de "ser alguém" e de seguir sonhos que pra você parecem estupidamente impossíveis não é apanhar da vida. Afinal, só se apanha da vida se você trabalha em pé durante horas e horas. Ou quem já tem mais idade do que você. 

Ora, mas que grande tolice! Tendo que ouvir tudo isso constantemente, meu interior feroz e irônico, murchou. Simplesmente perdeu a pomposidade de um pavão e adotou as lamúrias de um abutre. Choroso, melancólico e por vezes suicida. Mas que isso, nada acontece com ele, afinal ele está sorrindo, não é mesmo? Isso quer dizer que ele deve estar bem. 

Minha cabeça continua uma confusão. Uma mistura de álcool, uma boa dose de remédios e fim. Soa tentador para o meu interior. Ele abre um sorriso de orelha a orelha quando pego o copo na mão... e depois volta com a sua habitual ferocidade quando vê tudo aquilo indo por água a baixo. Feroz. Um monstro.

Um monstro que não ataca. Um monstro auto-destrutivo com armamento suficiente para aterrorizar até mesmo um menino de dezessete anos. Um menino que chora com medo do bicho-papão aos cinco. Um menino que se encolhe na cama à noite, com o monstro preso na cabeça, enquanto uma música toca ao fundo e ele tenta apagar tudo o que aconteceu com ele. Mas o monstro é persistente e recupera cada momento que o menino apaga.

Meu coração parece pequeno, desocupado. E de fato é como ele se apresenta. Dolorido, saudoso. Meu coração sossegado, tentado a ser tão monstruoso quanto meu interior pede. Não, mas ele segue impassível. Imóvel. Querendo atenção e carinho. Querendo alguem que acalme o monstro apenas para ele poder voltar a reinar da mesma forma que antes aconteceu. Um domador de leões....

E, pondo tudo pra fora, até mesmo meu interior, tão perturbado, para e avalia quão confuso tudo foi. Lê e relê como um cão que não entende o comando. Vira a cabeça de lado e adota uma postura quieta, esperando que repitam o comando. E eu me satisfaço com o seu estado momentâneo. Que permaneça assim, pelo menos até dezembro...