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30 de março de 2013

um ponto final

E agora que a ficha do bom senso caiu, você se faz de doído e de coitado.
Diz que eu não te entendo, que eu não sei como é difícil. 
E que eu sou o errado de tudo, que não deveria ter feito isso ou aquilo.
Que eu nunca passei por nada disso, que eu não te aceitaria da mesma forma.
E, mais injusto impossível, você me implora perdão.
Você não tem o direito de me pedir isso e, no fundo, espero que você saiba disso.
E agora, tudo o que eu penso é como vai ser fácil te tirar da minha vida.
Sem fotos, sem nada que me lembre a você. E eu dou graças à Deus por isso.
Logo eu, quem mais quis uma foto juntos. Quem mais se esforçou para criar lembranças suas.
Hoje, logo eu, agradeço por não o ter feito.
Hoje, pelo menos num primeiro momento, tudo o que você é pra mim é estranho.
Não posso passar por cima do meu orgulho ferido para te perdoar.
O máximo que eu posso fazer é ouvir, te ver chorar como você diz que faz.
O máximo que eu posso fazer e me permito fazer é não pensar.
E quem sabe tudo isso seja, no futuro, apenas uma prova pra nossa amizade,
mas por enquanto, essa é uma vírgula... 
prestes a virar ponto final.

29 de março de 2013

baseado em confiança...

A palavra que pode definir a sua vida é CONFIANÇA.
Em quem você confia?
Quem confia em você?
O que você confia?

Você confia em si mesmo?
As respostas para essas perguntas podem mexer com você.

E engana-se quem acha que essas são respostas estáveis.
Eu sempre achei que tinha as respostas para tudo isso, mas hoje eu vejo que não.
Hoje eu sou só mais um que cometeu o pior pecado de todos: o de confiar.
Confiar que conhecia alguém; Confiar que sabia tudo sobre aquela pessoa;
Confiar no que ela dizia/fazia; Confiar nos seus julgamentos e ideias.
E, apenas como tantos outros, eu me enganei.
Acontece que eu conhecia um personagem. Eu sabia o quera convencional de se contar. 
O que eu ouvia era lorota e os seus atos eram parte de um roteiro para manter as aparências.
Os julgamentos o tornaram hipócritas e a verdade desmereceu suas ideias.
Se seu grande sonho era ser ator, agora eu aplaudo de pé como você me iludiu por 7 anos e iludiu a todos ao redor por muito mais.
Hoje o seu palco é a rua e a sua vida tá mais pro drama do que pra comédia que você tentava conduzir.
Mas, agora, as cortinas se fecham, o show acabou. 

Receba os tomates da platéia...

25 de março de 2013

apenas um menino...

quando as pessoas não me conhecem muito bem, alguns se afastam e outros se aproximam. A maioria dos que se afastam, é por achar que eu pareço muito metido ou por ser muito escandaloso (eu falo muito alto e rápido e sem parar). A maioria dos que se aproximam é por não terem escolha, por terem "ido com a minha cara" ou por eu ter gostado da pessoa a ponto de me aproximar dela.

Depois de me conhecerem melhor e passado o momento de "contenha-se, afinal eles não te conhecem", meu cérebro passa a exercer a função da intimidade. Me conhecem o suficiente, me aturam o suficiente? Então eu já posso me soltar. E daí que um verdadeiro personagem entra em ação. Um garoto falastrão, brincalhão, com as ideias mais absurdas, que fala as coisas mais inapropriadas nos piores momentos. O menino que solta - "ou seja, uma suruba gay" - enquanto o professor de história explica como eram as relações dos guerreiros da Roma e Grécia antigas, que amavam a outros homens, até mais de um... de fato um garoto que pode ser um bom passatempo, que faz de tudo para que os outros sorriam.

Mas, hoje eu já não sei bem se esse garoto sou eu por completo. Grande parte desse garoto se foi. Ele já não mais ri sozinho como antigamente. Não fala sozinho e se encara no espelho, rindo da situação estranha. Não brinca o tempo todo. Esse garoto se perdeu em algum momento do caminho até aqui. Hoje, ele - ou melhor, eu - é o garoto que se sente inseguro em diversos momentos. O menino que se dá o direito de não ser mais tão engraçado, de ficar quieto, de ser imaturo (não no sentido brincalhão, mas sim no de não entender algumas coisas). O menino que se acanha na presença de uma ou outra pessoa. O dramalhão que escreve e se compromete àquilo de uma forma que não se comprometia antigamente. Um menino que passa o dia no quarto, trancado, admirando a lua, ouvindo música e porque não, chorando...

Um menino cuja a boca seca quando não sabe o que falar. Um menino que não sabe lidar com elogios, mas que ama receber críticas. Um menino que se atuo-deprecia com palavras vindas de textos e de pensamentos. Um menino que prefere guardar seus pensamentos para si mesmo, com medo de assustar à outros com eles. Um menino...

Sim, porque nada mais o descreveria além de "menino". Tão medroso quanto corajoso. Tudo sendo misturado e diversificado, de acordo com o momento, com a pessoa, com o humor. "à la carte", diria o garçom. Nada disso o faz um homem. Talvez seja normal essa mudança, essa confusão, esses sentimentos controversos sobre si mesmo... e talvez ele seja sim um homem. Um homem que ri, mas que também chora. Um homem que xinga, mas que também sabe falar palavras bonitas. Um homem que lê, que escuta e que aprende. Mas, por enquanto, tudo o que ele é, é um menino.

21 de março de 2013

e o que a preguiça faz...

Hoje eu acordei meio assim, dominado pela preguiça de um sábado mórbido, cansado pelo tédio de um domingo. E, assim, desse jeito estranho de se sentir, eu tiro forças para continuar pelo menos até o fim do dia.

Hoje estou impedindo que os olhos se fechem, que os músculos relaxem, que os ouvidos percam a capacidade de discernir. Deixando que a pele se habitue ao ardor do silêncio, provocante e instigador. Sem ser acolhido em braços macios, sem se perder em sonhos ou pensamentos.

Poderia me permitir o prazer da água gelada deslizando e arrepiando o corpo. Permitir que o vento bagunce os cabelos. Permitir que a língua explore o sabor, me satisfazendo com o amargo ou mesmo o azedo. Permitir à mente um estado de inatividade, deixar-se desligar. Permitir o ardor da garganta. Ousar desejar, excitar, querer, instigar a carne que é fraca e se deixa levar pelo mais leve toque.

Poderia fazer tudo isso, mas a preguiça perdida de uma quarta-feira me persegue, junto da melancolia de uma manhã de segunda. E assim, sem forças para realizar ou me permitir, começo mais uma manhã de quinta-feira, jogado no canto, com a companhia de uma boa música ou um bom livro. Ou talvez ambos, com uma boa dose de frio para me encolher e me enrolar. Ou apenas com umas folhas jogadas pela mesa, cheia de rabiscos quaisquer.

crescer faz parte

Sabe quando nossa mãe fala que a gente não é mais criança? E quando tudo o que você mais quer é justamente voltar a ser? Sabe quando você se toca de que tudo vai mudar e que você vai ser obrigado a crescer? E tudo fica mais confuso ainda porque ao mesmo tempo que quero que aconteça, tenho medo. Medo do que eu não conheço, medo daquilo que tanto esperei, medo de não suportar, de não estar preparado. Ao mesmo tempo em que quero correr e abraçar o desconhecido, sinto vontade de agarrar meu ursinho e ir pra cama da minha mãe, com medo do escuro. Estranho, eu sei. Mas já me acostumei... afinal o que não é confuso e estranho quando se trata de mim?

Mas, me basta confiar e acreditar que tudo vai dar certo. Acreditar que estou fazendo o certo. As outras crianças estão crescendo e eu estou crescendo também...