Já estou na minha quinta dose ou na primeira, tanto faz. Hoje, meu destino está no fundo do próximo copo. Na minha mão está o bilhete que você me deixou antes de partir. Amassado e suja, com sua letra ali impecável. Engulo e de imediato sinto o ardor da tequila e logo em seguida minha mão está no ar, repetindo o gesto já conhecido, quase automático de pedir uma nova dose.
Já estou na minha vigésima dose e agora sou eu quem me sirvo. Olhava do copo para a garrafa, trocando o meu recepiente padrão. Sua voz ainda clara em minha mente. Seu perfume parece não sair do meu corpo, divide lugar com o fedor de bebida e cigarro que impregna em minha roupa.
Mesmo expulso do bar, levo comigo o restante da garrafa de tequila. Queria saber meu destino e agora era lá no fundo que ele estava.
Apaguei. Caí duro no meio da calçada. A última coisa que me veio a cabeça foi a sua voz chorosa. "Não me procure mais". Não me movi mais. Fiz como você me pediu. Não te procurarei mais. Estou morto. Overdose filha da puta!
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