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1 de junho de 2014

queima

Na vida, muito se ouve, muito se engole e pouco se fala.
Até que um momento você não quer mais ouvir, não consegue engolir e fala.

E quando você fala, você se liberta.
Liberta dos teus demônios, tuas privações, tuas prisões e correntes e algemas e sabe lá mais o que estiver te afligindo de alguma forma.
E quando você fala, você não consegue parar.
Desenfreado, você não faz sentido.
Mesmo sem razão, a racionalidade fica ao lado da outra pessoa.

E você cala.
Cala e ouve.
E se decepciona com o que ouve.
Você fala. 
E quando fala, se queima.
A visão muda. 
A sua. A dela. A disso.
Ameaças vagas que agora vão atormentar sua cabeça.
Palavras fracas que te perseguirão.
A lágrima e a lamúria baixa que vai lhe acompanhar.
Tudo queima.
Tudo marca.
A lágrima que escorre: marca.
A raiva por falar: marca.
A raiva por ser recriminado por falar: marca.

E você se cala.
E todos estranham o porque do silêncio.
E a sua vontade é de gritar.
De chorar.
De se desligar.
Mas você ignora. Diz que vai passar.

E talvez passe.
Um dia.
Talvez.

Passe.

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